Meus amigos dizem que supero relacionamentos rápido demais. Claro, esses não são os mesmos amigos que estavam por perto na época em que eu não só jamais superaria um relacionamento de qualquer tipo em uma velocidade remotamente impressionante, como sequer chegava a vivenciá-los de verdade. Mas todos temos os nossos fantasmas, remorsos e arrependimentos - sejam eles os certos ou os errados - em se tratando de relacionamentos. Sejam eles reais ou imaginários.
São os mesmos amigos que hoje ficam abismados com o quão proativo eu me tornei sobre a minha vida pessoal. Para os de outrora, não há segredo algum. Eu queria, quero e possivelmente irei querer sempre alguém para amar nesta vida. Só o que mudou é o que esse amor em particular, e essa eterna busca pelo algo a mais, significam.
Não se trata de preencher um vazio, para-sempre-vazio, numa vã esperança de alcançar um momento de sossego e distração em meio a uma miríade de neuroses e lutos mal elaborados - como já foi o caso um dia. Não. É sobre estar levando uma vida ridiculamente abençoada, indescritivelmente aleatória e irremediavelmente engraçada, mesmo entre picos de tragédia e ironia que, como é de costume, tendem a mesclar uns com os outros. E sobre achar uma graça ainda maior em partilhar tudo isso com alguém. Alguém que entenda do que tudo isso se trata.
Muitas recusaram. Outras admitiram que não dariam conta. Tamanha profundidade tende a ser atordoante - para não dizer enjoativa, quem sabe. Algumas tentaram e se queimaram. E, por fim, mas ao contrário do folclore que acidentalmente criei sobre mim, poucas tentaram e me quebraram. Não a ponto de ser inconciliável à minha busca, como descobri com o passar do tempo. Mas o suficiente para questionar a campanha como um todo, inclusive a sua alternativa mais audaciosa.
Mesmo que encontrasse o que procuro, mesmo que a próxima fosse a certa, eu saberia reconhecê-la? Como é de se esperar de tamanha profundidade, também se torna extremamente fácil perder-se nela. Imaginação é algo trágico de se desperdiçar, mas tudo tem limite. Ou, deveria ter.
Pensando em tudo isso, é fácil explicar como não nada que aconteceu até hoje foi rápido. Pelo contrário; algumas decepções fizeram parecer que iriam durar para sempre, ou o equivalente temporal mais próximo disso. Olhando em retrospectiva, a explicação parece mais simples. Talvez haja uma cota pela qual se possa chorar por amor nessa vida, e eu atingi a minha há muito tempo. Tanto que só o que resta agora é respirar fundo e esperar algo melhor da próxima vez. Porque esse é o verdadeiro segredo: se estiver disposto, sempre haverá uma próxima vez.
Outro pensamento que me invadiu enquanto contemplava toda essa jornada foi tentar responder porque tais lembranças parecem tão inspiradoras a ponto de parar para escrevê-las em um ônibus em movimento, entre idas e vindas da cidade, logo pela manhã. Então, como é de costume, eu encontrei a ironia: depois de anos de procuras infames, encontrei conforto no deslocamento. Por bem ou por mal, é onde me sinto mais à vontade hoje em dia. O real desafio é – e sempre foi - fixar-se a um único lugar, mas para isso você precisa encontra-lo primeiro.
É só isso que eu quero.
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Trilha Sonora de Fevereiro (Disponível no Spotify)
01. Thank U, Next – Acoustic Guitar Cover
03. You’re So Vain – Carly Simon
04. Feelin’ Alright – Joe Cocker
06. Champagne Supernova – Oasis
07. All the Lovers – Kylie Minogue
10. Someone You Loved – Lewis Capaldi
11. Stay – Thirty Seconds to Mars
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