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Mostrando postagens de novembro, 2014

O pai nosso

“Eu quero paz.” É assim que você me responde a cada ano, toda vez que eu tento descobrir o que você gostaria de ganhar no seu dia. Felizmente ou infelizmente, eu nunca realmente entendi o que você queria dizer, o que invariavelmente me levava a buscar por presentes substitutos na forma de camisas, sapatos ou gravatas. E digo que felizmente não entendia, porque se tem algo que você sempre soube fazer com maestria, foi me proteger o máximo que pôde dos males e injustiças desse mundo, de modo que eu não perdesse o meu sono à noite. E digo que isso também foi infeliz, porque isso sinceramente é o que mantém um pouco distantes as minhas tentativas de te ajudar, te cuidar, te aliviar um pouco da carga que você carrega, mas que eu consigo imaginar muito bem o quanto é difícil.    Cuidar de uma família por si só já é desafiador. E uma empresa então? E se fossem somente essas esferas a serem mantidas equilibradas no ar, talvez as vinte e quatro horas do dia pudessem até liberar ...

A aula da saudade

   É um misto de estranheza e nostalgia olhar para trás agora e relembrar aqueles primeiros dias. Quando a gente nem sabia em qual sala deveria entrar, ou que matérias iríamos ter, ou o que seria de nós pelos próximos anos. É uma missão bastante importante de se assumir, mas é a que os nossos professores adotaram para si a cada ano em que se apresentam para uma nova turma. E como é de costume, também fazem com que cada um se apresente. Eis a nostalgia; relembrar o que dissemos naquela primeira semana, para cada um de vocês que estavam lá para nos receber, sobre quais eram os nossos nome, da onde nós éramos, e porque decidimos fazer esse curso. E depois da primeira fala, as outras pareciam repetitivas demais, mas tampouco menos repletas de nervosismo. Mas foi a primeira tarefa que recebemos de vocês, e é interessante relembrar isso agora. Cinco anos depois, com os relatórios em dia, os estágios encerrados, os ratos postos para dormir, e os corredores se esvaziando lentamen...

O coração de rodoviária

    Eu sou uma constante . Pelo menos é assim que eu me sinto. Mas calma, eu vou explicar. Tudo começou há alguns dias... Não, mentira. Tudo começou há alguns meses... Não... Anos? Invernos? Eclipses? Ok, eu desisto. Eu não sei quando foi que começou, mas seja lá quando tenha sido, definitivamente foi um catalisador temporário cujo fim iminente eventualmente encontrou o seu destino rarefeito. Porque as coisas que passam por mim invariavelmente acabam. Os lugares fecham ou se tornam inacessíveis, bem como as pessoas que eu encontro neles. Já escreveram sobre como o café esfria e o sol se põe, dentre outras tantas metáforas criativas para ilustrar todas as 150 maneiras de como o amor acaba. E sobre como ele acaba porque alguém decide ir embora. Bom, se algum dia houve um momento propício para escrever sobre coisas que acabam e pessoas que vão embora, este é o seu momento, Igor. Então pare, pense e sinta bem o que você quer escrever, porque outras pessoas vão ler isso e talve...

Os últimos dias

   Eu não sei por onde começar, o que é deveras irônico. Particularmente, eu me pego revisitando o começo das coisas sempre que um ciclo chega ao fim. E penso nos primeiros dias em que eu nem sabia aonde ficava a minha sala, ou que aulas eu iria ter, ou que amigos eu poderia conhecer ali... Ok, mentira. Eu pensei que jamais encontraria a minha sala, dado o tamanho daquela faculdade que até hoje eu não conheço por inteira. E pensei que estaria presente em todas as aulas, anotando todos os dados que considerasse importante, e que se precisasse compraria cada vez mais cadernos quando as minhas folhas chegassem ao fim... E, obviamente, eu tinha certeza de que não conheceria ninguém, já que eu mal falava e sequer olhava nos olhos dos outros ao meu redor. Porque era tudo muito estranho, desconhecido, assustador – como os começos das coisas tendem a ser.    E é esse começo que me vem em mente ultimamente quando passo pelos corredores da faculdade. Esse ano inteiro te...