Entre todos os universos estendidos ganhando atenção por aí, um deles – o mais importante, alguns até diriam – parece estar ficando pra trás nas pesquisas. O mesmo ano que começou com questionamentos sobre como a ordem seria restaurada depois do estralar de dedos do Thanos, e o que irá terminar com mais uma revelação na nova trilogia milionária da família Skywalker, também é o mesmo ano que marca um fato histórico real: os 50 anos da chegada do homem à lua. E de 1969 em diante, um passo gigantesco para a humanidade foi dada – as reclamações estratosféricas do tipo: “Conseguimos colocar um homem na lua, mas não conseguem fazer um café decente nessa empresa?!”.
Como se o exagero metafórico não fosse o bastante, é óbvio que a humanidade eventualmente sucumbiria à necessidade de dar um passo maior ainda: colonizar marte. O que invariavelmente me fez pensar sobre toda essa motivação em nome da conquista de novos planetas, sendo que mal estamos cuidando direito do nosso, aqui e agora. Seria natural do homem a busca pelo desconhecido, por mais que o conhecido não estivesse tão sob controle assim?
Convenhamos que, no final das contas, as motivações de Thanos para eliminar metade do universo eram fundamentadas. Menos gente levaria a menos destruição, e maiores chances de recuperação global. Mas a vida não é o que acontece enquanto alienígenas invadem Nova York. No mundo real, temos a tecnologia e, aparentemente, a liberdade de levar nossos hábitos destrutivos além da nossa órbita.
Por outro lado, eu naturalmente compartilho do instinto humano de expandir sempre, apesar das incongruências da campanha, demonstradas até então. Mesmo sem um plano concreto, levantei voo rumo à Cascavel em busca de uma graduação, só para enfrentar uma série de descaminhos que mudaram completamente o fim da missão. Não satisfeito, abortei a expedição justo quando o ar parecia estável e habitável, para partir novamente em busca de outro admirável mundo novo: Foz do Iguaçu. E olha que, apesar dos pesares, não havia feito tanto estrago por Cascavel – salvo por uma exceção que literalmente caiu do céu, na minha cabeça.
Enfim, aqui estamos. Ironia ou não, minha vinda à Foz do Iguaçu ao som de David Bowie tem todos os paralelos possíveis com a ideia do homem de plantar uma bandeira em Marte – o passado disfuncional, o objetivo fantasioso, os recursos escassos e a ambição oxigenada. Mas para quem está há dez anos fora de casa, orbitando pelo Oeste do Paraná, chega um momento em que a falta de estabilidade deixa de ser um perigo ocupacional, para ser encarada como pura asfixia.
Talvez seja ansiedade por novos ares. Apesar das condecorações, dos diplomas e de ter encontrado o amor da minha vida, minha missão aqui, assim como o meu TCC, ainda não terminou. Há muito a ser feito antes de voltar para a base e viver de palestras sobre como é ver o mundo de outro ângulo – ou do exterior, se for o caso. A questão é simples e clara como uma estrela: a águia cansou. A lua é fria e marte é esburacada. Diante desses climas por aí, é melhor mesmo ficar em casa. Não é como se não faltassem buracos a serem consertados por aqui, também.
Quer saber se viajar pelo universo afora está mesmo escrito nas estrelas pra você? Leia um horóscopo.
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