Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de maio, 2014

O hotel california

  (Baseado, aleatoriamente, em fatos quase reais. Ou não.)    Além de todas as neuroses, contradições e má sorte , minha vida também é fortemente regida por músicas. Sejam os clássicos dos anos 80, as 25 mais tocadas das últimas semanas, temas de comerciais de televisão, ou apenas alguma melodia cativante que eu escutei durante alguns instantes que passei dentro de alguma loja de departamentos ( Nota #1: Obrigado, Renner, por me dar “She’s Only Happy in the Sun” do Ben Harper, quando fui pagar meu boleto atrasado essa semana ). Enfim, toda a minha vida são músicas. Não necessariamente as melhores músicas do mundo, muito menos as que agradam as visitas da minha casa. Mas a casa é minha, o pen drive é meu, e vamos ouvir o que eu quiser, combinado?    Mas ao tentar relembrar de onde tirei a minha paixão por trilhas sonoras, me lembrei de um clássico em especial que a minha mãe – já batizada aqui como a padroeira da minha carreira de pseudo -escritor ...

O modo aleatório

    Eu tenho um pequeno ritual matinal que traduz perfeitamente o modo como eu levo a minha vida: eu me levanto, tomo banho para tentar acordar, arrumo a cama - porque, segundo fontes razoavelmente confiáveis, “ os anjos da guarda continuam dormindo se você não arrumar a cama ”, e não é bom sair de casa desprotegido por eles, o que eu levei em considerável análise, dado que quando isto aconteceu, eu me lembro perfeitamente de ter arrumado a cama de manhã – preparo um cappuccino para realmente acordar, me visto (não que eu tenha preparado meu café nu), seleciono a lista de reprodução que atualmente domina o meu iPod (sim, eu ainda tenho um iPod), e saio de casa para enfrentar mais um dia de vida. Ou pelo menos, é isto que eu já me acostumei a fazer a cada amanhã que nasce e se apresenta para mim, com todas as possibilidades do mundo. Tanto é que, às vezes dá certo, e às vezes não.    O fator alarmante que distorce toda essa rotina e, consequentemente, o resto ...

A simples complicação

    Eu levo uma vida complicada. Dessas do tipo que precisa ser constantemente refletida, desesperadamente sentida, incomensuravelmente significativa e, por que não?, irremediavelmente escrita. Capítulo por capítulo, vírgula por vírgula, e amor por amor. Uma vida com complicações difíceis de serem explicadas, do tipo que acaba quase sempre sendo omitida ou justificada ridiculamente quando encontro alguém na rua que não vejo faz tempo, e que me pergunta se está tudo bem. Eu não me lembro mais de quando foi exatamente que eu decidi deixar essa vida complicada um pouco mais autêntica, na esperança de que isso talvez facilitasse as coisas, e passei a ser dolorosamente sincero com as minhas respostas. - Tudo bem? - Não. - Por que? - Ah, é complicado...    Eu também não me lembro ao certo de quando foi exatamente que eu abandonei este instinto de justificar constantemente minha condição sine qua non de levar uma vida complicada. Talvez tenha sido quando eu ...

A Igor-dice

( Texto originalmente escrito durante um “projeto Verão”... Que não deu certo. )    Comer é uma dádiva. Sou um defensor até o fim dos tempos de que, caso todo o resto falhe, um pote de sorvete jamais me deixará na mão. Assim como um medalhão de filé mignon ao molho madeira acompanhado de purê de batatas pode ser muito mais confiável do que algumas pessoas. Felizmente ou infelizmente, digo isso por experiência e calorias próprias. Mas não é bem isso que eu quero dizer.    Alguns posts atrás, eu fugi da linha de raciocínio de um dos meus devaneios existenciais infames sobre algo que eu não lembro - talvez algo a ver com vida, expectativas ou amor; essas coisas bobas das quais eu sempre falo - e fiz a brilhante associação entre coração e estômago que todos nós temos, mas juramos publicamente que não tem nada a ver. Como se sofrer por Fulana tivesse algo a ver com os dezesseis chopps que eu já tomei, ou o estresse no trabalho afetasse de alguma maneira meu ...

Os próximos cinco anos

    O que dizer quando as coisas não ocorrem conforme o planejado? Eu entendo que não posso controlar a vida, ou o tempo, ou o clima lá fora ou o horário de funcionamento daquele bar perto da faculdade que parece que só abre depois das 23h, sob ameaça de tempestade ou nevasca, para afastar clientes que não são potencialmente “ cool ” o bastante para frequentá-lo. Eu entendo o conceito de “ fazer planos ” e o desastre iminente para o qual você está fadado a encontrar no fim do dia quando – “ inesperadamente ” – as coisas não acontecem do jeito que você queria. É um conceito falho, desgastado e ultrapassado. E falar que ele é tudo isso é muito fácil; difícil mesmo é mudar. Senão, por que eu estaria aqui mais uma vez, me afundando nas lamúrias da minha desesperança? Bom, por isso, e por aquele outro fator que invariavelmente me deixa propenso a navegar pelos mares desconhecidos da minha psique fragilizada: o maldito tempo livre. Deve até haver uma fórmula para isso: felicida...

A passagem de ida

Eu não sou de fazer esse tipo de coisa. Não, eu sou do tipo que planeja. Infelizmente, eu sou do tipo que planeja cada detalhe, e sempre foi assim. Aonde vou, como vou, com quem vou, que horas vou, quanto tempo vou ficar e, principalmente, quando vou voltar. Este sou eu. E talvez seja exatamente por ser assim que existam outras pessoas por aí que me considerem tão confiável, apesar de todas as crises existenciais e besteiras aleatórias que eu despejo sobre elas. Mas me consideram tão confiável que, às vezes, é assustador. Amedrontador, pra falar a verdade. Não, não, eu estou exagerando...    Mentira, não estou não. É sufocante. A cobrança, as expectativas, as satisfações... Já faz algum tempo que não sou acostumado a dar satisfações sobre o que eu escolho fazer com a minha vida; só sobre o que eu já fiz, que eu transcrevo por aqui, mas em forma de prosa e poesia. Sabe, pra ficar menos maçante, e mais atraente para os interessados anônimos que me mantém motivado a continu...