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Mostrando postagens de julho, 2014

A palavra com "C"

    Câncer . É uma palavra pequena com um grande impacto. É também uma palavra que envolve uma série de hemoglobinas fragilizadas, tratamentos intensivos e sensibilidade alheia. Eu não vou mentir e fingir que sei como deve ser ter algo dentro de mim capaz de anular as minhas células uma a uma, até que toda a minha personalidade irracional e desconcertante seja dizimada por uma força invisível insuperável. Com ênfase em outra palavra – invisível – porque esta talvez seja a que mais chegue perto de traduzir bem o que é o câncer em si, bem como o que ele causa na pessoa que o carrega. Mas eu não quero falar muito sobre a teoria, ou as ramificações filosóficas que envolvem estar submetido a algo tão desafiador e indescritível quanto um tumor. Não. Eu quero falar sobre a minha tia.    É uma tia como você também deve ter na sua família. Aquela que anima a família quando aparece para o almoço de domingo, depois de comentar de maneira nem tão sutil sobre marcar o próx...

O ciclo do café com leite

    Era uma manhã qualquer , de um dia típico, em uma semana ordinária. Nada demais, para falar a verdade. Confesso que talvez esteja me tornando apegado demais à rotinas; o que é no mínimo iônico, visto que há alguns anos, logo quando cheguei aqui, tudo o que eu queria era ter um pouco mais de noção sobre a cidade em que eu estava morando, e como o meu dia iria ser. Tudo era muito novo, muito rápido, muito espontâneo, enquanto eu não sabia de nada do que iria acontecer em seguida. Não que hoje eu saiba, mas o mistério que cercava os meus dias há cinco anos definitivamente parece já ter entregue o seu final ultimamente. E não foi tão surpreendente quanto eu esperava que fosse. Mas eu estou me perdendo do que quero dizer. O que eu quero dizer é que, em uma dessas manhas de mais um dia insuportavelmente previsível, parecia que só o que poderia me surpreender seria o fim dos tempos. Mas não. Em vês disso, acabou o pó de café.    Quer dizer, não acabou, mas não ser...

Os olhos de outra pessoa

    Eu não sei exatamente por onde começar a descrever quais são as notas que poderia concluir do meu primeiro semestre, tampouco consigo considerar plenamente todas as expectativas que andam passando pela minha cabeça para o segundo semestre de 2014. Isto é, por mais que o segundo semestre já tenha começado faz umas 3 semanas, e por mais que eu tenha passado uma dessas semanas de férias em outra cidade, e completamente alheio aos prazos, compromissos e rostos familiares que ainda me motivam a passar cinco horas madrugada afora dentro de um ônibus para voltar à Cascavel. Mas é como eu costumo dizer: a vida tem dessas coisas.    Mas de todas as experiências que tive, e as inspirações que elas me deram para tentar me aventurar mais uma vez através da savana selvagem e impiedosa que uma folha em branco do Word é capaz de criar para um pseudo-escritor como eu, sinto que preciso começar esse novo capítulo com o que provavelmente não foi o mais marcante em termos de...

A merda no ventilador

    De todas as dificuldades , talvez o nosso medo de viver seja a mais difícil de superar. Afinal, a vida é o que acontece enquanto você tenta compor um plano B, e o que poderia ser mais assustador do que ser arquiteto do seu próprio desastre, e de ser o encarregado pela obra de reconstruir tudo de novo? Mas é isso que a gente faz, dia após dia, quando sai de casa para trabalhar, ou para estudar, ou para tentar fazer qualquer coisa na verdade. E se daqui em diante nada mais do que eu disser fizer sentido, que sejam lembradas apenas essas duas palavras: “ talvez ” e “ tentar ”.    Somos seres humanos complicados, complexados, neuróticos e atarefados cuja única certeza na vida é de que todos esses dias curtos, esse frio intenso, e essa procrastinação para lavar a louça na pia vão acabar mais cedo ou mais tarde. E aí vivemos com um “talvez” na base de todas as coisas, e um “tentar” que só vai depender da gente para sustentá-las. Talvez eu seja bem sucedido quando...