Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2019

Medo e delírio em Foz do Iguaçu

Eu sei que é clichê, mas o que distingue a cafonice do trauma são as tendências da estação. Assim como houve um tempo em que depressão era vista mais como um sinônimo de tristeza do que um verdadeiro diagnóstico clínico, nossas percepções passam por inúmeras mudanças com o passar dos anos. O mesmo é invariavelmente verdade sobre os nossos medos – a não ser que você que está lendo tenha sido o único adolescente da face da terra que nunca teve medo de que ninguém iria gostar de você. Medos, sejam lá quais forem, sempre foram reais para quem os sente. O reconhecimento deles, entretanto, é o que parece estar em alta. Entre filmes clássicos e fantasias tragicômicas, hoje é o tal Dia das Bruxas – que, diga-se de passagem, não é algo realmente comemorado por aqui, salvo por festividades na firma ou crianças fantasiadas em condomínios fechados, pedindo doce de porta em porta. Ironia ou não, além de celebrarmos de alguma forma nossa atração por jump scares e a adrenalina que provocam, hoj

Não deixe de acreditar, eles disseram

Falando como alguém que recém terminou de assistir Glee pela enésima vez, é fácil dizer que não é uma experiência tão inspiradora como foi à primeira vista. Especialmente se você arrisca descobrir o que aconteceu com o elenco nos últimos dez anos, algo que definitivamente não recomendo caso queira manter viva a música que habita em você. Mas para você que por ventura não sabe do que eu estou falando, Glee foi um seriado americano musical, jovem, irreverente, desconcertante, frustrante, avassalador e, em certos aspectos da vida real, trágico. No entanto, em meio a todo o caos narrativo, furos de roteiro e total insanidade que rege a mente produtiva do criador Ryan Murphy, havia uma promessa. Uma, inclusive, muito similar àquela que tento repetir a mim mesmo, todos os dias. O mundo não é mais um lugar romântico. Algumas pessoas, porém, ainda são, e a elas cabe uma promessa: não deixe o mundo vencer.  Continue lutando, penso eu. Não deixe de acreditar, eles reforçaram. E cá estamo

Três pastéis e três coca-colas

Q uatro anos atrás, eu tive uma ideia. Simples, otimista e deveras ingênua. Pensei que era capaz de escrever bem o bastante para viver disso. Na falta de um termo melhor para a arte em questão – talvez inefável insista em ser o melhor jeito de descrever o que envolve o trabalho de dar vida à pessoas, lugares, eventos e informações importantes – chamaram isso de ser jornalista. Soou tão bem quanto qualquer outra suposta boa ideia que eu já tive até então. Não era necessário mudar de cidade, dizer adeus aos amigos ou colocar meus antigos pertences à venda para aliviar o peso da mudança. Mas assim como a ideia de recomeçar como um jornalista, havia algo a se considerar na noção de que talvez fosse melhor abrir uma nova folha em branco do Word em todos os aspectos da minha vida.  Se é preciso perder tudo para realmente conseguir se encontrar, um novo CEP parece fazer sentido à equação. Foi assim que eu cheguei à Foz do Iguaçu: sem conhecer a cidade, sem ter por onde começar e, como