Pular para o conteúdo principal

Um romance ruim

Eu senti no meu coração, ao mesmo tempo que passou um carro do outro lado da rua tocando "Bad Romance" enquanto eu andava para casa. Logo eu, que esperava não me apaixonar mais, nem por você. Eu senti que te encontrei. Você, cuja qual eu só possuia uma vaga noção de como seria sua aparência, sua voz, os momentos que teriamos juntos, o jeito que você faria eu me sentir... até então. E ao perceber mais profundamente o jeito que a vida te tratou e as sequelas que restaram, a confirmação veio através do seu olhar perdido, sem saber se estava indo ou voltando, e de como eu me vi refletido ali. Eu percebi como você havia se ferido, como você também havia morrido por dentro, e como você não só perdeu seu coração - você abriu mão dele assim como eu, na certeza de que despertou de uma ilusão há muito tempo cultivada e que caiu na certeza de que não precisaria mais dele. Como se aquele amor, aquela pessoa, você, eu, não existissem. E que nunca nos conheceriamos nesse mundo; afinal, as pessoas dos nossos sonhos existem apenas nos nossos sonhos. E de volta ao mundo real, deveriamos nos contentar com aqueles que chegam perto do que queremos - claro, quando chegamos a nos encontrar com a mesma pessoa mais de uma vez.

E na maior das ironias, eu senti que é você. Assim como eu vi que você sentiu que era eu. Justo agora, quando ambos estão recolhendo os pedaços de um coração partido sem esperança de que um dia poderia vê-lo reunido de novo. Amando de novo. Justo agora, que fomos levados a acreditar que não existíamos. Que era tudo uma ilusão. Ou, então, apenas um romance ruim.

Mas apesar de tudo, eu acho que me apaixonei de novo por você.

Música de Hoje: The One – Elton John.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 5 estágios do Roacutan

            Olá. Meu nome é Igor Costa Moresca e eu não sou um alcoólatra. Muito pelo contrário, sou um apreciador, um namorador, um profissional em se tratando de bebidas. Sem preconceito, horário ou frescura com absolutamente nenhuma delas, acredito que existe sim o paraíso, e acredito que o harém particular que está reservado para mim certamente tem open bar. Já tive bebidas de todas as cores, de várias idades, de muitos amores, assim como todas as ressacas que eram possíveis de se tirar delas. Mas todo esse amor, essa dedicação e essas dores de cabeça há muito deixaram de fazer parte do meu dia a dia, tudo por uma causa maior. Até mesmo maior do que churrascos de aniversário, camarotes com bebida liberada e brindes à meia noite depois de um dia difícil. Maior do que o meu gosto pelos drinques, coquetéis e chopes, eu optei por mergulhar de cabeça numa tentativa de aprimorar a mim mesmo, em vês de continuar me afogando na mesmisse da minha melancolia existencial.            

A girafa e o chacal

Melhor do que os ensinamentos propostos por pensadores contemporâneos são as metáforas que eles usam para garantir que o que querem dizer seja mesmo absorvido. Não é à toa que, ao conceituar a importância da empatia dentro dos processos de comunicação não violenta, Marshall Rosenberg destacou as figuras da girafa e do chacal . Somos animais com tendências ambivalentes – logo, nada mais coerente do que sermos tratados como tal.  De acordo com Marshall, as girafas possuem o maior coração entre todos os mamíferos terrestre. O tamanho faz jus à sua força, superior 43 vezes a de um ser humano, necessária para bombear sangue por toda a extensão do seu pescoço até a cabeça. Como se sua visão privilegiada do horizonte não fosse evidente o suficiente, o animal é duplamente abençoado pela figura de linguagem: seu olhar é tão profundo quanto seus sentimentos.  Enquanto isso, o chacal opera primordialmente pelos impulsos violentos, julgando constantemente cada aspecto do ambiente ao seu re

Wile E.: o gênio, o mito, o coiote

Aí todo mundo no Facebook mudou o avatar para a imagem de algum desenho e eu não consegui achar mais ninguém, mas depois de um tempo eu resolvi brincar também. O clima de celebração do dia das crianças invadiu as redes sociais de tal maneira que todos nós acabamos tendo vários flashbacks com os desenhos de nossos colegas, dos programas que costumávamos assistir anos atrás quando éramos crianças e decorar o nome dos 150 pokemons era nosso único dever. E para ficar mais interativo, cada um mudou a imagem para um desenho com qual mais se identifica, e quando a minha vez chegou, não tive dúvidas para escolher nenhum outro senão meu ídolo de ontem, de hoje, e de sempre: o senhor Wile E. Coiote. Criado em 1948 como mais um integrante da família Looney Tunes, Wile foi imortalizado pelo apelido e pela fama de fracassado em sua meta de vida: pegar o Papa Léguas. Através de seu suposto intelecto superior e um acesso ilimitado ao arsenal de arapucas fornecidas pela companhia ACME, Wile tento