Pular para o conteúdo principal

Andança

Como todos os grandes contos épicos, tudo começou com lágrimas e um sonho de esperança. À partir disso, deu-se a idéia de que com uma música tema para tocar na minha cabeça eu seria capaz de sair da fossa e recuperar meu caminho de volta ao mundo real.

E então foram dias, semanas, meses de passos rumo a lugar nenhum com o único propósito de sair por aí e sentir o vento no rosto, a cidade sob os pés e perder-me meio à multidões de pessoas. E com o tempo foi-se aprimorando; as músicas, os lugares, a velocidade com qual passava quarteirão após quarteirão, e eventualmente sua vida acompanhou o mesmo ritimo. Deixou suas trilhas sonoras guiarem seu caminho, até encher-se de música o bastante para reencontrar força para dar seus próprios passos sozinho de novo.

De repente estava de volta no caminho do qual havia caído, desta vez mais forte, mais rápido, mais esperançoso do que nunca de que seus sonhos estavam mais perto do que jamais podia imaginar, e caminhava rumo a eles como se a estrada fosse só dele e não houvesse mais ninguém ao redor. O mundo estava abrindo caminho para ele, e ele não hesitava em atravessar as ruas e andar cada vez mais determinado; cada vez mais feliz. Ele havia recuperado a velha forma, a sua essência de viver, e era possível ver a esperança em seus olhos de novo.

Foi uma mudança imperceptível para qualquer um que não o conhecesse e não soubesse o quanto trilhou para chegar até aqui, mas finalmente deixou seu passado para trás e tomou seu caminho rumo ao futuro. Para frente, sem parar e até sem rumo, e sem saber quando chegará. E nunca mais olhou para trás.


Ao som de: Theme From Superman – John Williams.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 5 estágios do Roacutan

            Olá. Meu nome é Igor Costa Moresca e eu não sou um alcoólatra. Muito pelo contrário, sou um apreciador, um namorador, um profissional em se tratando de bebidas. Sem preconceito, horário ou frescura com absolutamente nenhuma delas, acredito que existe sim o paraíso, e acredito que o harém particular que está reservado para mim certamente tem open bar. Já tive bebidas de todas as cores, de várias idades, de muitos amores, assim como todas as ressacas que eram possíveis de se tirar delas. Mas todo esse amor, essa dedicação e essas dores de cabeça há muito deixaram de fazer parte do meu dia a dia, tudo por uma causa maior. Até mesmo maior do que churrascos de aniversário, camarotes com bebida liberada e brindes à meia noite depois de um dia difícil. Maior do que o meu gosto pelos drinques, coquetéis e chopes, eu optei por mergulhar de cabeça numa tentativa de aprimorar a mim mesmo, em vês de continuar me afogando na mesmisse da minha melancolia existencial.            

A girafa e o chacal

Melhor do que os ensinamentos propostos por pensadores contemporâneos são as metáforas que eles usam para garantir que o que querem dizer seja mesmo absorvido. Não é à toa que, ao conceituar a importância da empatia dentro dos processos de comunicação não violenta, Marshall Rosenberg destacou as figuras da girafa e do chacal . Somos animais com tendências ambivalentes – logo, nada mais coerente do que sermos tratados como tal.  De acordo com Marshall, as girafas possuem o maior coração entre todos os mamíferos terrestre. O tamanho faz jus à sua força, superior 43 vezes a de um ser humano, necessária para bombear sangue por toda a extensão do seu pescoço até a cabeça. Como se sua visão privilegiada do horizonte não fosse evidente o suficiente, o animal é duplamente abençoado pela figura de linguagem: seu olhar é tão profundo quanto seus sentimentos.  Enquanto isso, o chacal opera primordialmente pelos impulsos violentos, julgando constantemente cada aspecto do ambiente ao seu re

Wile E.: o gênio, o mito, o coiote

Aí todo mundo no Facebook mudou o avatar para a imagem de algum desenho e eu não consegui achar mais ninguém, mas depois de um tempo eu resolvi brincar também. O clima de celebração do dia das crianças invadiu as redes sociais de tal maneira que todos nós acabamos tendo vários flashbacks com os desenhos de nossos colegas, dos programas que costumávamos assistir anos atrás quando éramos crianças e decorar o nome dos 150 pokemons era nosso único dever. E para ficar mais interativo, cada um mudou a imagem para um desenho com qual mais se identifica, e quando a minha vez chegou, não tive dúvidas para escolher nenhum outro senão meu ídolo de ontem, de hoje, e de sempre: o senhor Wile E. Coiote. Criado em 1948 como mais um integrante da família Looney Tunes, Wile foi imortalizado pelo apelido e pela fama de fracassado em sua meta de vida: pegar o Papa Léguas. Através de seu suposto intelecto superior e um acesso ilimitado ao arsenal de arapucas fornecidas pela companhia ACME, Wile tento