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O vencedor leva tudo

Não era amor; era melhor. Parece que toda vez que me pego pensando demais em você e neste tal dilema que paira sobre a minha cabeça, eu saio por aí sem rumo acordando a cidade com minhas músicas e com o vento frio no meu rosto – para me certificar de estou vivo, e de certa forma ainda tentando sobreviver a isto. Tudo faz sentido agora que o tempo passou, o amor esfriou – a ponto de se pensar duas vezes antes de chamar isto de amor – e a dor… A dor se aquietou, mas é uma ferida que não cura. Quer dizer, uma ferida que não cura porque ambos insistimos em acreditar que não é real, e que um dia desses eu vou acordar sem sentir mais nada. Ainda doi. E eu continuo louco.

Pelo meu próprio bem, não posso mais continuar com esse jogo. Não posso continuar mentindo para mim mesmo e sorrindo para você como se nada estivesse acontecendo. Nós dois sabemos o que está acontecendo, porque esse tempo todo por mais que eu tentasse te esquecer e fingir que está tudo bem, você ainda consegue me enxergar como ninguém. Consegue reanimar meu coração na mais fria das madrugadas, sem qualquer intenção de se inteirar a mim. Não por crueldade, mas por…

Um amor ou um amigo, eis a questão. Nunca conseguimos decifrar o que era, ou o que é. Eu não sei mais o que pensar, minha cabeça gira em torno de mil possibilidades sem aceitar uma única resposta – nem mesmo a realidade. Eu não poderia aceitar a realidade; não era nada? Éramos duas pessoas com uma vida conjunta que bruscamente encontrou seu fim e deu início a duas vidas separadas; uma infeliz, e a sua. Mas hoje eu percebo o que devo fazer; o que deveria ter feito há muito tempo atrás mas não tive coragem. Não posso continuar a ver seu rosto nas faces de outras, e não posso mais imaginar como seria um dia te reencontrar no meu caminho. Eu preciso me despedir de você.


Não posso mais estar com você; não sou forte o bastante. Você ganhou.


Ao som de: The Winner Takes It All – Meryl Streep.

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