Pular para o conteúdo principal

À procura da infelicidade

Isto não é sobre ser feliz ou não; é sobre não se sentir feliz por estar feliz, entende? De certa maneira eu não me sinto "certo" ao não acordar de manhã com alguma neurose latejando dentro de mim, ou sem a dor de carregar um coração partido em busca de sua alma-gêmea.

Quando tudo parece estabilizar, para mim é sinal de problema. Tudo menos ser normal, por favor. Não me sinto como eu mesmo sem agonias, sem crises existenciais, sem amores para recordar, e sem lágrimas. Não sou nada sem minhas lágrimas e aprendi a conviver com isto, mas e agora? O que é esta felicidade que baixou aqui e insiste em perpetuar-se? Não posso estar feliz se não estou com você... Posso? Devo? Estou?

Não é assim que eu sonhava em ser feliz; eu tinha um plano, um sonho, uma idealização de como seria e... É isso? Não pode ser. Não quero ser feliz se não for com você; não faz sentido. Tudo bem, eu sei; sou a última pessoa que deve reclamar sobre algo não fazer sentido, considerando que não vivo em torno de dar significado às minhas irracionalidades, mas nesse caso eu sei que você vai entender. Eu quero ser feliz com você, e não sozinho. Ou, quem sabe, eu me tornei tão acostumado com a infelicidade que me apeguei a ponto de renegar qualquer outro sentimento que não contenha lágrimas...

Talvez seja o medo do novo, de descobrir que existe vida além da agonia e êxtase, e de que a vida pode ser mais do que um drama constante. Seja lá o que for, no fim do dia eu ainda sinto a sua falta. E é isso o que importa.


Ao som de: This is It – Michael Jackson.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 5 estágios do Roacutan

            Olá. Meu nome é Igor Costa Moresca e eu não sou um alcoólatra. Muito pelo contrário, sou um apreciador, um namorador, um profissional em se tratando de bebidas. Sem preconceito, horário ou frescura com absolutamente nenhuma delas, acredito que existe sim o paraíso, e acredito que o harém particular que está reservado para mim certamente tem open bar. Já tive bebidas de todas as cores, de várias idades, de muitos amores, assim como todas as ressacas que eram possíveis de se tirar delas. Mas todo esse amor, essa dedicação e essas dores de cabeça há muito deixaram de fazer parte do meu dia a dia, tudo por uma causa maior. Até mesmo maior do que churrascos de aniversário, camarotes com bebida liberada e brindes à meia noite depois de um dia difícil. Maior do que o meu gosto pelos drinques, coquetéis e chopes, eu optei por mergulhar de cabeça numa tentativa de aprimorar a mim mesmo, em vês de continuar me afogando na mesmisse da minha melancolia existencial.            

A girafa e o chacal

Melhor do que os ensinamentos propostos por pensadores contemporâneos são as metáforas que eles usam para garantir que o que querem dizer seja mesmo absorvido. Não é à toa que, ao conceituar a importância da empatia dentro dos processos de comunicação não violenta, Marshall Rosenberg destacou as figuras da girafa e do chacal . Somos animais com tendências ambivalentes – logo, nada mais coerente do que sermos tratados como tal.  De acordo com Marshall, as girafas possuem o maior coração entre todos os mamíferos terrestre. O tamanho faz jus à sua força, superior 43 vezes a de um ser humano, necessária para bombear sangue por toda a extensão do seu pescoço até a cabeça. Como se sua visão privilegiada do horizonte não fosse evidente o suficiente, o animal é duplamente abençoado pela figura de linguagem: seu olhar é tão profundo quanto seus sentimentos.  Enquanto isso, o chacal opera primordialmente pelos impulsos violentos, julgando constantemente cada aspecto do ambiente ao seu re

Wile E.: o gênio, o mito, o coiote

Aí todo mundo no Facebook mudou o avatar para a imagem de algum desenho e eu não consegui achar mais ninguém, mas depois de um tempo eu resolvi brincar também. O clima de celebração do dia das crianças invadiu as redes sociais de tal maneira que todos nós acabamos tendo vários flashbacks com os desenhos de nossos colegas, dos programas que costumávamos assistir anos atrás quando éramos crianças e decorar o nome dos 150 pokemons era nosso único dever. E para ficar mais interativo, cada um mudou a imagem para um desenho com qual mais se identifica, e quando a minha vez chegou, não tive dúvidas para escolher nenhum outro senão meu ídolo de ontem, de hoje, e de sempre: o senhor Wile E. Coiote. Criado em 1948 como mais um integrante da família Looney Tunes, Wile foi imortalizado pelo apelido e pela fama de fracassado em sua meta de vida: pegar o Papa Léguas. Através de seu suposto intelecto superior e um acesso ilimitado ao arsenal de arapucas fornecidas pela companhia ACME, Wile tento