Não é a toa que ainda não senti meu dente do juízo começar a nascer. Eu sempre pensei nas pessoas que me dizem que preciso crescer como se fosse o jeito do mundo real tentar me engolir e fazer com que eu me tornasse parte do bege de suas paredes; indistinguíveis, inquestionáveis, irrelevantes.
Dizem que devo brincar menos, trabalhar mais, me concentrar mais no que realmente importa, e deixar de lado coisas que não possuem tanto significado. Coisas como desejos, sonhos, fantasias, dentre tantas outras que são importantes para a vida de uma criança, mas dispensáveis para adultos. Dizem que preciso amadurecer, levar a vida mais a sério, engrossar a voz e tomar atitudes firmes. Eu sempre vi isso como permitir-me morrer e deixar a vida levar o que sobrasse de mim para qualquer caminho, como lixo sendo carregado pela água de uma tempestade até o bueiro mais próximo.
Sempre questionei o que haveria de tão bom no mundo real, para que todos insistissem tanto que eu vivesse nele. Talvez não seja por medo; a verdade é que eu nunca quis crescer. Não me imagino como um adulto, muito menos consigo me ver daqui a cinquenta anos. Talvez me apoie tanto na teoria infame do amanhã para prolongar o hoje, e deixar tudo o que preciso fazer para o dia seguinte - acreditando que sempre haverá o dia seguinte. É um mundo imenso que existe lá fora, e não sei se consigo dar conta. Tudo que sei é que essa é a hora de descobrir. E como todo desbravamento de um novo mundo, não sei o que vou encontrar pela frente mas sei que vai doer.
Já me sinto morrendo um pouco por isto.
Ao som de: Growing Pains – La Roux.
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