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Olá, amor

Deve ser muito bom chamar alguém de “minha namorada”, ou “meu bem”, ou simplesmente “amor”. Alguém para andar de mãos dadas por aí mesmo que sem rumo, mas satisfeitos apenas pelo fato de estarem juntos e fortes o bastante para que nenhuma tempestade os separe.

Alguém para beijar quando quiser, para abraçar quando precisar, para nos dar uma luz quando nos perdermos, para mostrar que estamos errados e nos ajudar a fazer certo. Para ser feliz, compartilhar as coisas boas e diminuir as ruins, para matar tempo, ou para passar o dia em casa assistindo televisão, trocando segredos, ou apenas estando juntos e aproveitando o momento. Uma vez li algo parecido com, “não quero um amor, só quero alguém para passar o Domingo”, e penso muito nisso. Ultimamente vejo casais por aí, cada um unido à sua maneira; alguns parecem não combinar, alguns carregam olhares de descontentamento, alguns com um olho para a mulher dos outros, e alguns até mesmo entediados – como se estarem juntos não fosse mais o bastante.

Por não ser, nem nunca ter sido, um casal com alguém, a idéia de que estar junto com a pessoa que você ama não ser o bastante não entra em minha cabeça. Se passamos a maior parte do tempo nos sentindo sozinhos e silenciosamente desesperados para que alguém que amamos nos ame de volta, como é possível que este sentimento acabe quando se encontram? Exatamente quando deveria marcar o início de algo a mais, algo maravilhoso, que por mais complicado e difícil que às vezes seja, é melhor do que estar sozinho em casa.

Anseio por uma vida a dois, e confesso que há pouco tempo atrás até considerava qualquer coisa que antecedesse uma vida a dois não era viver, mas agora entendo que é preciso estar feliz consigo mesmo, antes de querer ser feliz com outra pessoa. Faz parte de crescer, eu acho. Algumas crenças morrem, outras simplesmente abandonamos, mas o sonho de encontrar alguém para amar e passar o Domingo ainda prevalece, não importa a idade. Ou, no mínimo, alguém que esteja em casa quando girarmos a chave na porta e dê de cara conosco. E nos diga, com um sorriso no rosto, “olá, amor”.

Não me diga que não seria maravilhoso?

Ao som de: Hello Twelve, Hello Thriteen, Hello Love – Lea Michele & Jonathan Groff.

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