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Como reparar um coração partido (parte 2)

Meu coração está partido. E não é por causa de nenhuma mulher em específico; é apenas uma gigante fratura causada por estresse. Toda vez que ouço uma música romântica no rádio ou assisto a um filme, eu me pego no meio de uma fantasia de uma mulher que eu nunca conheci mas que sempre achei que estaria por aí. Eu suponho que durante todo este tempo eu poderia ter escrito meros textos com palavras vazias, mas de certo modo escrever para alguém fazia com que eu me sentisse menos sozinho. E quando alguém, real ou imaginária, está na sua vida há tanto tempo, não é fácil dizer adeus. Só de pensar que criar meu próprio mundo como válvula de escape do mundo real até ontem costumava fazer sentido, e que essa coisa de amor verdadeiro é real, me assusta. Meus olhos perderam o otimismo que costumavam ter até quando estavam cheios de lágrimas - como se toda a esperança tivesse vazado. Ela não está por aí, e acho que estou começando a lidar com isso.

Então eu preciso me colocar lá fora; namorar, viver e encontrar de uma vez por todas a mulher que estou procurando. Dizem que sair por aí é a resposta, beber e festar com estranhos, ficar com garotas sem sequer saber seus nomes, e me deixar tomar pela despreocupação e prazer instantâneo. Mas no fim do dia, eu tenho certeza de que não sou o único que gostaria de ter alguém para amar. Ainda existem mulheres que chegam perto da ilusão que criei para mim mesmo, mas infelizmente estão todas em casa com seus respectivos namorados. Quanto a mim, assim como a várias pessoas que tentam me aconselhar quando me perco nessas crises de fé, eu não me sinto inteiro quando estou sozinho.

Vivo uma vida meio vazia, com um espaço reservado para uma mulher especial que sem dúvida será mais do que qualquer outra que eu já tenha conhecido. E se de vez em quando eu me sentir enfraquecido, vou me esconder no meu quarto - meu mundo - até que tudo faça sentido novamente. No mínimo, não estarei sozinho - estarei junto a ela em meus sonhos. As pessoas me veem como alguém mentalmente distraído, ou como um paciente fugitivo de um hospício à procura de simpatia e compaixão. Não, tudo que eu quero e sempre quis foi só alguém para amar. Alguém que me amasse de volta, e que aquietasse toda essa ansiedade e agonia que residem em mim, que me mantém acordado por noites e noites, apenas esperando para que um dia desses eu seja tudo aos olhos desta mulher, do mesmo modo que ela já significa tudo para mim.

Não nos encontramos ainda, mas eu a conheço de coração.

Ao som de: I Know Her By Heart – Vonda Shepard.

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