Quantas pessoas casadas você conhece? Não estou falando de casais "ajuntados"; estou falando de álbuns de casamento, bodas de aniversário, filhos, netos, alianças e uma vida inteira juntos repleta de histórias e glórias que só aconteceram depois que duas pessoas deram o passo mais importante em seu compromisso e disseram "aceito" um ao outro. Os votos são simples; aqueles que os assumem prometem ficarem juntos durante os bons e maus tempos, na riqueza e na pobreza, na saúde e na doença, para honrar e valorizar, abrindo mão de todos os outros, até que a morte os separe. Mas não é o tipo de compromisso que a maiora das pessoas está disposta a assumir, nem por elas mesmas, nem por ninguém.
Quando eu tinha 14 anos, tive minha primeira grande paixão - daquelas que você jura que a garota foi feita para você, que estão na terra com o único propósito de se encontrarem e ficarem juntos, e que após se conhecerem fica impossível imaginar sua vida sem ela. Um amor que te faz crescer, amadurecer, aprender mais sobre a vida e a si mesmo, inclusive quando você descobre que tudo isso era só na sua cabeça e amor, amor mesmo, ainda está por vir. Nos conheciamos já há algum tempo mas foi a primeira vez que realmente conversamos, e em poucos instantes comecei a sonhar acordado - algo que até então eu mal sabia que se tornaria mais rotineiro do que eu podia imaginar - e tive uma visão de um grande salão de festas com várias mesas ao redor de uma pista de dança, mas estava vazio. E então nós tomamos a pista ao som de uma valsa; ela estava com um vestido branco e eu de terno e gravata, o que só podia significar uma coisa - e quando a valsa terminou e "How Deep is Your Love" dos Bee Gees começou a tocar, eu percebi que ali, no meio de uma conversa qualquer com uma garota que eu havia recém conhecido, eu estava imaginando nossa primeira dança como marido e mulher. Foi a experiência mais perturbadora e encantadora que eu já havia tido e nem estou me referindo à trilha sonora, mas tudo isso aconteceu há anos quando eu sequer sabia o que casamento realmente significava e, muito menos, amor. Não que meus conceitos tenham melhorado ao longo dos anos; a única certeza que podemos ter sobre amor é que não sabemos nada.
Hoje a realidade é diferente; são poucos aqueles que tomam o voto do casamento com seriedade e comprometimento de outrora, isto é, quando permitem discutir sobre isso. Talvez seja a sensação de liberdade que as pessoas sentem enquanto estão solteiras ou puro desinteresse em se comprometer a apenas uma pessoa para o resto da vida, sob a teoria de que a vida é curta e é preciso aproveitar enquanto podemos. Certo tempo atrás, eu sonhei de novo. Desta vez era uma grande igreja e estava cheia com meus amigos, familiares, e milhares de ex-amores platônicos que vieram apenas para ter certeza de que o impossível estava mesmo acontecendo: eu havia encontrado alguém capaz de suportar todos os meus dramas e irracionalidades, e ainda me amava por isto. Havia mais mulheres do que homens nos bancos da igreja, algumas estavam com os repectivos namorados e maridos mas a maiora continuava solteira e em busca daquele algo a mais, algo que não viram em mim nem em qualquer outro homem até então. Eu estava no altar e recebendo sinais dos meus amigos, perguntando quais das mulheres estavam disponíveis ou eram "fáceis" de chegar junto. Lembro de estar sempre sorrindo, mas só havia um detalhe que eu não consegui enxergar no sonho: o rosto da noiva. Ela estava em pé na minha frente, enquanto o padre lia mil e um sermões sobre como casamento era coisa séria e como nós ali éramos jovens abençoados e corajosos por darmos este passo adiante. Lá estava eu, perante Deus, meus amigos e amigas, familiares e fotógrafos, mas com o rosto da minha noiva escondido por um véu que eu não pude levantar, porque acordei antes de conseguir alcançá-la.
Me perguntam como eu consigo ter uma noção tão romântica e ilusória sobre o amor; bom, eu comecei cedo. Eu sonhei com amor quando tinha 14 anos, e nunca deixei de acreditar desde então. Mas o que me assusta hoje é a idéia da instituição do casamento cair em desuso antes que eu encontre alguém. Entre uma vida boêmia repleta de aventuras e surpresas, ou uma rotina em casa com você e nossos filhos, eu escolheria você – sempre. Os votos são realmente bastante simples, mas encontrar alguém digna de tais votos é a parte mais difícil. Mas se encontrarmos tal pessoa, é aí que começamos a viver felizes para sempre.
Ao som de: Marry You - Bruno Mars.
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