O que eu escrevo não é o que eu sinto. É o que eu estava sentindo, e que passou. É passado, que eu deixo guardado aqui para lembrar de não me perder enquanto escrevo meu caminho rumo ao futuro. E depois que o calor das palavras esfria vem uma calma que eu não consigo descrever; é preciso sentir para saber. É a tranqüilidade que toma conta depois que uma guerra termina e a poeira se abaixa, enquanto a vida lentamente volta ao normal. Ou em alguns casos, é quando uma vida começa a acontecer. E digo isso para tentar dar forma a esta nova experiência; algo completamente inesperado que eu acho que estou conseguindo dar conta. Porque o maior amor que eu achei que já tive acabou, passou, e eu sobrevivi.
Na verdade, não me matou e nem nunca realmente me feriu, mas eu insistia em me machucar de propósito para me ocupar com palavras que com o passar dos dias foram se desgastando, como coração partido, amor não correspondido, ou sonho impossível. Eu esperava ser tomado por várias emoções como medo ou ansiedade, e reagir de formas mais dramáticas como chorar ou então, pensar que isto que deveria ser o fim na verdade era um novo começo. Mas não; em vês disso, não senti nada e ainda estou tentando entender bem o motivo. Não era o amor da sua vida, Igor? Não era tudo que você sempre quis e que finalmente voltou para os seus braços? E eu estou feliz, juro que estou; só não sinto mais nada. Não que o amor tenha acabado ou coisa assim, aliás talvez até tenha mesmo se desgastado, mas aquela coisa louca e desvairada que me tirava da rotina, me fazia tomar decisões precipitadas e que proporcionava momentos únicos de êxtase... É, aquilo passou.
E aí eu pensei que tudo tinha sido a toa, mas como sempre a vida me faz encontrar pessoas para provar não só que estou errado, mas que sei bem menos do que imagino. Não, não foi a toa, e seria mesmo muito triste pensar isso. Seria como dizer que as lágrimas foram em vão, que o amadurecimento não teve valor, que as músicas que me tocaram foram falsas, e que todas as palavras que escrevi pensando nela não foram tão bonitas assim, e pelo menos isso eu sei que não é verdade. Assim como eu sei e acredito que um dia vou sentir tudo de novo. Vou aprender a viver com essa calma do mesmo modo que aprendi a viver com drama, porque se as coisas acontecem na hora que devem acontecer, Igor, então agora é hora de você deixar o desespero de lado e relaxar, porque tudo aquilo agora passou e não foi a toa. Então valeu.
Ao som de: I Will Survive – Cake.
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