Eu quero o que não posso ter. Quero o inalcançável, aspiro ao impossível, desejo o inimaginável. E por mais que eu gostaria que fosse algo que diminuísse a cada dia, é uma vontade que só aumenta a cada vitória que ainda não conquistei, cada beijo que ainda não experimentei, cada lugar que ainda não visitei, e cada lembrança que ainda não criei.
Quero tudo; é pedir demais? Quero o mundo, quero todos, quero pessoas e mais pessoas ao meu redor, mas também não quero ninguém perto demais. Quero todas as possibilidades, mas também quero ser livre para não escolher nenhuma. Quero compromisso, quero zelo, quero paixão, mas não quero abrir mão de quem eu sou para acolher as neuroses e as contradições de outra alma. Eu quero você, mas assim, não tão perto. Mas nem tão longe também.
As pessoas são feitas de contradições; quando não reclamamos do calor, desprezamos o inverno. Quando não agimos com descaso pelos outros, sofremos por sua ausência. E até mesmo quando sabemos que aquilo que queremos faz mal e definitivamente não nos serve, é aí que passamos noites sem dormir e dias brutalmente lentos onde os minutos não terminam e só o que aumenta é a nossa ansiedade por querer mais do que tudo, e nada ao mesmo tempo. A gente quer o que não pode ter, mas depois que consegue já nem quer mais encará-la, e inventamos outros motivos para sonhar, outros caminhos para percorrer, outras jornadas para nos aventurar. Só para acabar na mesma encruzilhada de sempre; eu não queria tanto você? Eu não esperei tanto por aquilo? E agora?
A gente vive de vontades, de sonhos, de desejos, da procura pela felicidade. Mas é um instinto tão poderoso que quase nos faz desejar não encontrar nada, só para continuarmos com a chama da aventura incendiando nossas almas. É o que nos faz levantar da cama de manhã, e é o que nos faz esperar pelo melhor para amanhã quando deitamos a cabeça no travesseiro no fim do dia. Somos um apetite insaciável, um desbravamento constante, uma chama que não se apaga até que toque tudo que pode e muito mais. Mas tudo tem um limite, e quando cada um de nós chega ao máximo que pode chegar - e percebe que agora só depende do outro para nos deixar ir adiante - é sempre um momento muito frustrante. Perceber que queremos mais, mas que aquilo é só o que teremos. E a gente aprende a fazer o que pode, a curtir o que tem e a ser feliz com isso, mas sempre imaginando como seria se pudéssemos ir além. O que a gente sempre esquece é que as coisas acontecem na hora certa, e que tudo o que a gente já tem, se a gente parasse pra pensar, não é nem um pouco... Pouco. Mas acho que se a gente pensasse assim, o choque seria muito grande. A gente ia ver que não dá conta nem do que já tem, e ainda quer mais sem nem saber o que vai fazer com aquilo.
Aprende a cuidar do que já tem, que o resto vem. Quando a hora for certa, e quando você estiver pronto. Esse instinto é o que nos mantém sempre seguindo adiante, mas cuidado para não perder o presente do Presente, por se preocupar demais com o que o amanhã vai te trazer. Espere pra ver.
Ao som de: Take It All – Nine.
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