Pular para o conteúdo principal

Adeus, Aline

23 de Dezembro de 2009. Começou como um dia normal, tranqüilo e sem grandes emoções pela frente. Você e eu estávamos bem, apesar de ainda não saber exatamente como definir essa relação maravilhosamente instável que nós tínhamos, e quando nos vimos aquele dia era pra ser só mais um encontro normal.

Mas então, algo deu errado e desfizemos nossos planos, e em vês de passarmos tempo juntos como costumávamos antes, cada um foi pro seu lado achando que estava certo, e ficou por isso mesmo. Foi uma discussão idiota em um dia ordinário que acabou se tornando a última vez que realmente conversamos, e a última vez que olhamos nos olhos um do outro também porque quando soube que você estava indo embora, eu não só não me despedi como sequer olhei para você. E conforme a distância emocional entre nós foi aumentando, você decidiu se separar através de mais alguns quilômetros também; foi embora de Cascavel, e eu nunca mais te vi. E eu nem sei ao certo o que passou pela sua cabeça ou o que você estava sentindo com tudo aquilo. Quanto a mim, bom, todo mundo já sabe o que me aconteceu.

O que me surpreende mesmo agora é estar passando por tudo aquilo de novo, mesmo dois anos sem te ver e acreditando solenemente de que você já não possuía mais esse poder sobre mim, mas pelo visto eu estava enganado. Mas desta vez eu já estou crescido o bastante para saber que não posso te culpar por nada do que estou sentindo; quem te deu esse poder sobre mim fui eu mesmo, e não posso me sentir mal por isto. A essa altura da minha vida, acho que já deveria estar acostumado a cometer erros por amor.

Foi aí que eu percebi: amor? Como eu pude me deixar imaginar durante dois anos que o que eu tive com você foi amor? Eu não conheço amor de verdade ainda, mas definitivamente isto nem chegou perto de ser ao menos algo parecido. Grandes contos de amor jamais seriam construídos com base nessa história indecifrável, incoerente e insensata que eu compartilho com você. Quer dizer, uma história que eu tento compartilhar com você, porque você mesma nunca teve interesse em criar grande caso acima disto. E agora eu entendi; isso não é importante para você. Nunca foi.

Obrigado por me mostrar que eu não sou especial; eu estava precisando mesmo ouvir isso de você. Antes eu pensava que precisava te ver para me despedir de verdade e finalmente seguir em frente com a minha vida, mas devido a tudo que já aconteceu, as dores que senti e as lágrimas que derramei, este é um final muito mais apropriado. Acho que prefiro que você continue sendo esse fantasma pairando sobre mim, causando fantasias impossíveis que só serviram para me cegar e me machucar, mas acabou agora.

Eu não me sentia sozinho assim desde quando você foi embora, mas felizmente foi uma sensação que não durou muito. Porque eu não estou mais sozinho, e de certo modo acho que nunca estive. E não vou mais me prender à Dezembro de 2009, tampouco como vou me esforçar para lembrar do tempo que costumávamos passar juntos. Vá ser feliz, que eu preciso me refazer desta bagunça que criei para seguir em frente também. Não é sua culpa; eu só pensei que você pudesse me amar também, igual eu sempre amei você. Mas eu nunca vou significar tanto assim para você, e suspeito que ninguém um dia irá.

Eu fui o melhor amigo que você já poderia ter tido, mas eu não posso mais te amar. Leve estas palavras, todas as músicas que escutei pensando em você, e tudo mais que sobrar por aqui com seu nome; não quero mais nada. E da próxima vez que vier para Cascavel, não se preocupe em me avisar que está vindo. Apenas esqueça que eu moro aqui, assim como eu esquecerei que você um dia existiu tanto para mim.

Adeus, Aline.

Ao som de: Same Mistake – James Blunt.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Os 5 estágios do Roacutan

            Olá. Meu nome é Igor Costa Moresca e eu não sou um alcoólatra. Muito pelo contrário, sou um apreciador, um namorador, um profissional em se tratando de bebidas. Sem preconceito, horário ou frescura com absolutamente nenhuma delas, acredito que existe sim o paraíso, e acredito que o harém particular que está reservado para mim certamente tem open bar. Já tive bebidas de todas as cores, de várias idades, de muitos amores, assim como todas as ressacas que eram possíveis de se tirar delas. Mas todo esse amor, essa dedicação e essas dores de cabeça há muito deixaram de fazer parte do meu dia a dia, tudo por uma causa maior. Até mesmo maior do que churrascos de aniversário, camarotes com bebida liberada e brindes à meia noite depois de um dia difícil. Maior do que o meu gosto pelos drinques, coquetéis e chopes, eu optei por mergulhar de cabeça numa tentativa de aprimorar a mim mesmo, em vês de continuar me afogando na mesmisse da minha mela...

A girafa e o chacal

Melhor do que os ensinamentos propostos por pensadores contemporâneos são as metáforas que eles usam para garantir que o que querem dizer seja mesmo absorvido. Não é à toa que, ao conceituar a importância da empatia dentro dos processos de comunicação não violenta, Marshall Rosenberg destacou as figuras da girafa e do chacal . Somos animais com tendências ambivalentes – logo, nada mais coerente do que sermos tratados como tal.  De acordo com Marshall, as girafas possuem o maior coração entre todos os mamíferos terrestre. O tamanho faz jus à sua força, superior 43 vezes a de um ser humano, necessária para bombear sangue por toda a extensão do seu pescoço até a cabeça. Como se sua visão privilegiada do horizonte não fosse evidente o suficiente, o animal é duplamente abençoado pela figura de linguagem: seu olhar é tão profundo quanto seus sentimentos.  Enquanto isso, o chacal opera primordialmente pelos impulsos violentos, julgando constantemente cada aspecto do ambiente ...

Wile E.: o gênio, o mito, o coiote

Aí todo mundo no Facebook mudou o avatar para a imagem de algum desenho e eu não consegui achar mais ninguém, mas depois de um tempo eu resolvi brincar também. O clima de celebração do dia das crianças invadiu as redes sociais de tal maneira que todos nós acabamos tendo vários flashbacks com os desenhos de nossos colegas, dos programas que costumávamos assistir anos atrás quando éramos crianças e decorar o nome dos 150 pokemons era nosso único dever. E para ficar mais interativo, cada um mudou a imagem para um desenho com qual mais se identifica, e quando a minha vez chegou, não tive dúvidas para escolher nenhum outro senão meu ídolo de ontem, de hoje, e de sempre: o senhor Wile E. Coiote. Criado em 1948 como mais um integrante da família Looney Tunes, Wile foi imortalizado pelo apelido e pela fama de fracassado em sua meta de vida: pegar o Papa Léguas. Através de seu suposto intelecto superior e um acesso ilimitado ao arsenal de arapucas fornecidas pela companhia ACME, Wile tento...